segunda-feira, 19 de maio de 2008

VIDA EM CORES - PAULO MIRANDA


VIDA EM CORES

Nasceu na brancura tão clara e límpida que não demonstra nem a negrura do patíbulo e nem o temor da guilhotina
Tatuando na face rubra do desconhecido e descobrindo malefícios e benefícios
O princípio é irmão da laranja, conterrâneo de digressões e atenções, oprimidos e reprimidos
Olhando as mão amarelas no mal-educado, no prazer solitário e no susto daquilo ainda não esperado
Sentindo o sangue gelado e, principalmente, o vermelho apaixonado num tom rosado ou azulado
Mas, e sempre mas; o rubi pode ser escarlate ou escarlatina, pois pode haver um musgo verde que gruda e machuca
Nestes tempos todos aprendem que o céu é azul, do profundo ao água-marinha, na responsabilidade ou na desordem
E vem nuvens cinzas chamando um por um de cinérios, determinando a poeira novamente sobre o barro
Alguns passam a ver tudo borrado, outros buscam os matizes da esperança e poucos não esquecem as cores de seus brinquedos num mundo que teima em quebrá-los
Mas quem disse que na altura destas medidas as portas tem que estar descascadas, as paredes repintadas e a luz só se abre no vidro colorido?
O nascer é o nascer, não é tudo e nem é nada, mas a paleta esta em quem sente, quem espalha sem sentido é demente e quem segura apenas uma cor fica roxo e doente
Porém, e há um porém, o arco-íris seguira a rota, que na visão de alguns seria definitiva e para outros qualitativa, mas a escuridão mais escura e a luz mais branca fica sempre ao gosto do freguês

PAULO MIRANDA (A Folha)
Sentimentos da alma
24/agosto/2007

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