sexta-feira, 23 de maio de 2008

POETA SOL, POETA CHUVA - PAULO MIRANDA


POETA SOL, POETA CHUVA

Existem dois amigos que se conhecem a vasto tempo, não eram perdidos, pois sabiam muito bem do seu invento Ambos criavam dilemas, opiniões; ou brincadeiras esboçadas de um momento
O primeiro cantava à alegria, a desenvoltura do homem em gritar seu prazer e a luminosa verborragia O segundo era um pequeno alho, cujo os poucos sonhos sem tempero eram despedaçados, e a esperança, quase uma fantasia
Aquele buscava a grama e o céu, o universo feliz na superfície da eloqüente trama Este seguia o penhasco, via o precipício e as correntes manchadas nas entrelinhas de qualquer drama
A claridade banhava as idéias do alegre, sorrindo em gargalhadas, soltando ovos e clara A escuridão sorvia o andar do miúdo e triste, sócia de lágrimas e companheira muda e nem tão clara
E cada um ia segundo os seus fios, costurando suas linhas em fogo é água, sol e chuva Era lógico que o brilhante era maior que o diamante; mais servil à felicidade, das mais variadas mesas e sempre vestindo antigas e todos os tamanhos de vários tipos de blusa
Já o mais duro, não se destrói com o futuro, apenas demonstrava que todo viver não se reduzia a um vinho feito de uva O que não se percebia, que ambos versavam sobre a mesma coisa: as vitórias e as derrotas, as verdades e as mentiras, o perfume e o cheiro; toda a saudade e a nostalgia daquele corredor que cerca nossa lavra
Pois o sonho de quem esta aqui é alma digna, dentro da lona e da ferida; versando e cantando em qualquer esquina, o real e o quimérico do substantivo vida

PAULO MIRANDA (A Folha)

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