segunda-feira, 26 de maio de 2008

FLOCOS DE NEVE


FLOCO DE NEVE

A menina pegou o floco na mão, e ele sumiu, pois ainda pertencia a terra quente do não
Ela segurou outro floco cadente, e olhou de soslaio aquele que parecia crente.
Num susto percebeu que ele sumia, mostrando que pouco era onde existia
A menina pulou e cantou alegre, arrancou todos que podia no infantil jeito que via
Tentou transformar a pueril vontade numa eternidade, mas eles não queriam seguir leviandades e continuavam desaparecendo com toda liberdade
A menina chorou na birra e arrependida, achava ter matado, no seu inocente pecado, os flocos viventes e mal-criados
Na magia da natureza compadecida por aquele pequeno querer que buscava apenas ver, todos começaram a cair, nem sumindo e nem deixando de existir.
Apenas se mantiam aqui por instantes, não para satisfazer um mimo egoísta, mas para continuar o sorriso e o brincar daquela menina que queria tocar-lhes com a alma da sua pequena mão e com o olhar da sua imaginação .

PAULO MIRANDA (A Folha)

Nenhum comentário: