quarta-feira, 11 de junho de 2008

RETORNO -, PAULO MIRANDA

RETORNO
Tu voltas para cá nas bênçãos de teus amigos
Na mancha de tuas feridas
E quando és o recomeço, não tens nem a razão de tua nova lida
Irás reviver todas as belas e feias histórias
Amealhando dores, glórias, anônimas vitórias e públicas derrotas
Ganharás lucros sem serem amoedados, sentirá, sem saber, novos olhares renovados
Não verás no espelho a perdição do teu semblante, pois humildade não combina com olhares pedantes
Terás que descobrir a beleza, não entre o brilho que se apaga como páginas amareladas
Surpreendentemente, perceberás que existe alma na pedra, sinceridade no deserto e amor escondido no cacto
Sentirás falta da simplicidade da luz, pois aqui, pouco da verdade se conduz
Experimentarás, gostarás, mas não ficarás
Entre os pobres e os ricos
Entre os humildes e gananciosos
Entre os que ficaram no mesmo lugar e os que viajaram por este mundo
Entre aqueles que estavam cercados na solidão e os que se esparramarram na multidão
Entre os que amaram na fidelidade e gozaram na versatilidade
Todos deixarão suas camisas surradas de lutas ou envernizadas em obsessivas lavagens
E o que será de nós?Seremos o resultado de tudo isso, nem um menos e nem um ponto a mais
Seremos a borboleta que um dia será lagarta que na passagem da experiência voará de novo em toda sua graça
PAULO MIRANDA (A Folha)

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