
Essa folha de papel em branco
Prostrada em minha frente
Tão calada!
Nesse agora, em silencio, implora
Que eu derrame sobre ela
Tudo que levo no peito
Os sentimentos encravados
Que querem explodir por fora
Para esvaziar por dentro.
Diz pra mim que está totalmente pronta
Para receber tantas palavras que tenho guardada
Todas as emoções que estão fincadas
Castigando incessante e sem trégua
Todo meu ser que tanto sente.
Diz também, calada,
Que posso escorrer sobre ela
Cada alegria que senti
Cada lágrima escorrida e dolorida
Todos os sonhos acalentados
E as frustrações da realidade que se furtou
Diante das agruras que a vida determinou
Deixando escondido no peito
A vontade que minguou.
Ensaio os primeiros rabiscos
Enquanto ouço os gritos
Desse tanto mergulhado em mim.
Tamanho desabafo me desassossega
Pregando-me peças que me calam por dentro.
Vou escorrendo meus lamentos
Na folha calada que tudo absorve
Sem dizer nada!
Vou esvaziando esse tanto guardado
E, entre uma palavra e outra,
Vou desafogando tudo que me invade;
Ora dor, ora riso,
Até despejar tudo na folha
Que continua emudecida
Juntando meus restos de vida
Para que eu não sucumba
Diante do tanto que essa malvada vida
Não me poupou...
Marcando a ferro e fogo
Esse tanto de mim que insiste em sentir
E depois sangrar...
Procurando sempre essa folha em branco
Que continua no seu silencio
Esperando as minhas palavras.
Infinita
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